'O que pôs tudo a perder em minha vida foram aqueles cinco minutos antes daquele acidente. Se não fosse aquela distração... Se não fosse a bebida nada disso teria acontecido... Depois do acidente não consigo encontrar a minha filha! Nem ao menos o corpo dela... Saio do carro e ando pela vasta estrada neblinada que há pela frente...
Durante cinco horas andei, até encontrar uma cidade, coberta pela neblina... não, não é neblina... são... cinzas? Como pode ser?
Continuo andando para tentar encontrar ajuda, mas não há ninguém. É uma cidade abandonada. Casas fechadas, lojas, tudo abandonado... No caminho encontrei um rastro de sangue pelo chão, decidi seguir esse rastro!
Após uma hora ainda seguia o rastro, até que vi algo se movendo pela frente, parece uma pessoa se rastejando, corri atrás dele, podia ser ela... mas não consegui alcançar, a medida que eu corria a sombra se afastava de mim...
Chegando em uma estrada de terra, após longo tempo andando sem rumo, ouvi barulhos, ruídos, gemidos, algo muito assustador. Pensei comigo mesmo: "Isso é o inferno?" Segui pela estrada, os barulhos aumentando, a cada passo. Até que encontrei meu carro novamente!!! "Como é possível?", pensei. O barulho, agora muito alto vinha do carro, olho para dentro e vejo no banco um rádio, chiando freneticamente. Olho para minha direita e vejo um corpo sangrando no chão e sobre ele uma outra figura, mas está defigurada, ainda que muito de longe ainda lembrasse um ser humano, devorando a carne do corpo no chão... Será aquele o corpo o dela? De repente a criatura levantou a cabeça, percebendo minha presença ali, e move o corpo para cima, erguendo-se, e começa a arrastar-se em minha direção. Corri para dentro do carro em busca de algo com que pudesse me defender, encontrei uma arma no porta-luvas, com apenas uma bala, nem lembrava mas se ela funcionava, mas era tudo o que tinha na hora, mirei bem na criatura, as mãos tremendo, firmei bem e atirei!
A criatura caiu, estribuchou no chão e morreu. Aproximei-me do corpo no chão que ele devorava, sem rosto, mas reconheci suas roupas muito bem...Não!!! Não pode ser!!!!! Era ela!!! Minha filha!!!!!!!
Minha cabeça começou a doer, vertiginosamente, por causa da dor caí no chão, minha vista começou a embaçar, escurecer, fui perdendo os sentidos e desmaiei.
Acordo dentro do carro acidentado olho para a direita e vejo minha filha ainda viva!!! Corro os olhos pelo carro e encontro o rádio que havia no pesadelo! Sem pensar muito, peguei-o. Consegui contato. O socorro chegou e nos levou para um hospital.
Até hoje não entendo aquele acontecimento! Sendo verdadeiro ou não, espero que não venha a se repetir!